Os equinos apresentam estruturas do trato digestivo e intestinal complexas, tendo seu intestino grosso subdividido em ceco, cólon e reto, sendo responsável pela absorção de fibras, nutrientes, água, eletrólitos e formação de fezes. A síndrome cólica equina ou abdômen agudo é marcado por fortes dores abdominais, devido a sua alta taxa de letalidade, o animal deve ser conduzido rapidamente para atendimento veterinário clínico ou cirúrgico, dependendo do seu grau de compactação. O fecaloma é caracterizado pela compactação de fezes no cólon menor do animal, gerando uma obstrução do trânsito intestinal. Sendo mais comum em potros e pôneis, o fecaloma pode ser causado por diversos fatores, como desidratação, má nutrição, baixa motilidade intestinal, disfunção mastigatória e ingestão de materiais impróprios. Essa condição patológica gera desconforto, dor e distensão intestinal, podendo levar a morte se não houver intervenções. Sendo identificado através do comportamento do animal, pois fica visivelmente incomodado, apresentando sinais de dor abdominal, como cavar o chão, ficar olhando para o flanco, deitar e rolar no chão, perda de apetite e diminuição da quantidade de fezes, distensão abdominal, além de uma alteração de parâmetros fisiológicos como a frequência cardíaca (FC) e respiratória (FR), temperatura elevada, o tempo de preenchimento capilar (TPC) é maior do que 3s e apresentando mucosas hipocoradas. Porém, apesar de ser mais comum em potros, foi observada uma alta incidência de casos em equinos adultos da região de Belo Horizonte (MG) que passaram pelo Departamento de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal De Minas Gerais. O presente trabalho teve por objetivo elucidar e evidenciar ocorrências do fecaloma nesta região. Foram atendidos entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, 11 equinos com idade média de quatro anos, dentre eles 64% apresentaram compactação concomitante ao fecaloma. Todos os casos não tiveram correção clínica, somente cirúrgica, sendo aplicada a técnica de laparotomia exploratória pela linha alba com exposição da flexura pélvica para a realização da enterectomia, para a resolução da cólica. Para a desobstrução do fecaloma, dois animais necessitaram realizar acesso cirúrgico do cólon menor, devido a sua maior extensão. Os demais casos foram corrigidos somente com hidratação com agulha 40x12, sendo feita a introdução por técnica de tunelização intraluminal em cólon menor, oral ao fecaloma, massagem e enema transcirúrgico. Tendo uma taxa de sucesso em 100% dos casos. Nota-se que houve um aumento súbito de casos de fecaloma em equinos adultos na região de Belo Horizonte, levantando a discussão acerca dos melhores manejos a serem abordados, tendo em vista que em vida livre estes animais passam 60% do tempo pastejando, porém a domesticação limitou seu espaço, com menores áreas de pastagem e poucas fibras. Com isso, se fazem necessários mais estudos que determinem as causas do aumento de casos de fecaloma na região de Belo Horizonte, tendo em vista que essa condição patológica é lesiva para o animal, são necessárias intervenções para que a condição do paciente não se agrave, como áreas de pastagens amplas, atividades regulares, dietas adequadas e exame odontológico periódico.
Ferramenta completa de submissão, avaliação e publicação de anais para eventos científicos.
